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Acesso fotos 1

Galeria de fotos conquista do Torneio do Acesso de 1967



No carro do Corpo de Bombeiros que levou os campeões : Luciano Guidotti, Humberto D’Abronzo, Jorge Angeli, Pasqual D’Abronzo Neto, Nico Fidelis, Sérgio Robero D’Abronzo e populares



O radialista Waldemar Billia (da Rádio Difusora) agradece aos céus, sob chuva, em frente ao Rex Lanche, na Praça José Bonifácio, o retorno do XV à divisão principal



Duas semanas após a conquista, o carnaval. O “tremendão” Humberto D’Abronzo (de chapéu) visita os clubes nos quais foi homenageado ciceroneado pelo Rei Momo de 1968, o radialista Antonio José.



Na noite de 18 de janeiro,a comemoração ocorreu até no chafariz da Praça José Bonifácio



No restaurante Brasserie



Ainda na Brasserie



Homenagem em local não identificado



Homenagem da mesma foto anterior, provavelmente feita pelo Rotary Club no Hotel Central



Jogadores se preparando para a viagem à final, em 18 de janeiro de 1968, no Ginásio da ESALQ, de onde pegariam ônibus da prefeitura rumo a São Paulo



O Jornal de Piracicaba de 19 de janeiro de 1968 saiu com estas páginas no seu único caderno, chegando às mãos dos piracicabanos às 3 horas da madrugada daquele dia ! Na foto, o “Nhô Quim” de Cícero Correa dos Santos visita a impressora do jornal.


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Tatuzinho foto3

Tatuzinho em fotos



No Mato Grosso, até a onça bebia Tatuzinho. Notem a caixa de tampinhas com cotiça da Crown Corp (norte-americana) que junto com a Tapón Corona Cortiza (espanhola) fabricava as tampinhas da Caninha Tatuzinho



Linha de destilação e acerto da graduação, anos 50



Painel da Tatuzinho, ao fundo, à esquerda



Máquina que aplicava o rótulo nas garrafas, anos 60



Humberto D´Abronzo (segundo, a partir da direita) com empresários



Diretores de funcionários da Tatuzinho na Travessa Maria Elisa, Vila Rezende, meados dos anos 50



Processo de decantação e filtragem, anos 60



Linha final de embalagem em caixas de madeira, anos 60



Rubens Caruso, Antonio Dias e Ozorino Paulo, apresentadores dos programa “Bom Dia, Trabalhador” da Rádio Clube de Santos, anos 60



Homenagem ao empreendedorismo da Tatuzinho realizada pelo Lions Goiânia Oeste, anos 60



Humberto D´Abronzo e filhos, anos 40



Deu sede, beba Tatú !



Ossos do ofício : cantores do rádio faziam merchandising nos estúdios sobre a Caninha Tatuzinho, final dos anos 50



Homenagem do Lions Goiânia-Oeste


 


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Mudei eu ?

 

Mudou o mundo ou mudei eu ?

 

* Edson Rontani Jr.

 

“Atentado terrorista deixa 1.500 mortos”, ouvi no rádio dias atrás ao me levantar para mais um dia de trabalho. “Puxa ! 1.500 mortos é um número elevado”, matutei ainda incrédulo, pensando que talvez esta cifra fosse efeito do sono. Em seguida, busquei completar a informação ligando a tv e, mais tarde acessando a Internet. Ou o locutor da emissora de rádio se enganou ou realmente eu estava ensonado. Foram cerca de 180 mortes nas explosões de trens na Espanha ocorridas no dia 11 passado.

 

A notícia choca como chocou o 11 de setembro de 2001. Não sei ao certo qual é a informação mais castigante para nossas mentes. Imaginar, sem ter o acesso às imagens, que diversos trens explodiram ou assistir ao vivo os jatos serem lançados no World Trade Center. Uma imagem mostra tudo. Mostra aquilo que nem pensamos que poderia ocorrer. Já a interpretação do fato – que nos chega, como neste caso, via rádio – pode fazer com que imaginemos um fato simples, sem nos darmos conta de seu complexo estado caótico. A certeza é que as imagens justificam nossa incredulidade diante da bestialidade humana.

 

Por mais sarcástica que seja uma atitude terrorista, o efeito é inimaginável até mesmo para o seu executor. Isso, vimos quando Osama Bin Laden confessou em entrevista exibida no ocidente que, mesmo sendo engenheiro, não esperava a implosão do World Trade Center após o jato lançar-se sobre as Torres Gêmeas. “Esperava apenas que alguns andares fossem destruídos”, disse ele.

 

Nas últimas décadas, a imagem tornou-se o testemunho casual dos fatos, interagindo com um interlocutor (público) que, avidamente curioso, assiste aos noticiários buscando tragédias. A revista Veja, em sua edição da semana passada, trás em sua capa uma foto horrível. Bombeiros espanhóis cobrindo corpos de pessoas mutiladas com a explosão dos vagões. O repórter foi mais rápido e fotografou o corpo dilacerado de uma mulher, que nos provoca nojo por pertencermos a uma raça que mata sem ter razão. Folheando a mesma revista, vemos fotos mais horrendas. Pedaços de corpos ao lado dos trilhos de trens. Corpos de pessoas … De seres humanos como eu e você !

 

Disse um alto-comandante durante a Segunda Guerra Mundial que o mundo não piorou. O que melhorou foi a comunicação. Os jornais tornaram-se mais ágeis para divulgar o que raça humana faz. As tragédias sempre existiram. Basta olhar para o passado e notar como os romanos se divertiam : jogando seus inimigos aos leões e realizando apostas !

 

Ainda me recordo de um jornal mostrado por meu pai na infância, de nome L´illustration, publicado na França em 1826, o qual trazia a notícia de que o Brasil tornara-se independente de Portugal. Raciocinei. D. Pedro I proclamou a independência em 1822 e por que somente quatro anos depois é que o fato foi notícia na Europa ? Na época, a notícia viajava a navio. Não haviam supersônicos ou telefones. Demoravam-se anos para saber que um monarca morreu ou um tirano massacrou colônias de seu território.

 

Com o tempo, o homem soube dominar (ou domar) o uso da informação. O magnata William Randolph Hearst (retratado no filme “Cidadão Kane”), dono de um império norte-americano de emissoras de rádio e jornais “fabricou” o estopim da Guerra Civil Espanhola na década de 30, publicando notícias forjadas que acabaram culminando na real insurreição da Espanha. Fotos de batalhas eram tiradas em ilhas próximas aos Estados Unidos e seus jornais traziam informações de que a Guerra já ultrapassava a zona urbana da Espanha. A história condenou esta ação ? De forma alguma ! Elogiou e elegeu Hearst como um político influente por sua ousadia e determinação.

 

Sites com fotos das explosões da Espanha na última semana são os mais visitados nos últimos dias. A busca pelo deplorável toma conta numa época de agilidade jornalística. Para todos, a informação está mais acessível.

 

Esta liberdade é prejudicial ou benéfica ? Não tira de nossas vistas a realidade, isso é certo. Mas, será que também não chega a ser um exemplo para outros mal intencionados ? Talvez isso seja até assunto para uma matéria futura.

 

Mas a dúvida ainda persiste : mudou o mundo ou mudei eu ? “Pare a terra que eu quero descer”…

 

* o autor é jornalista

 

Quem faz

 

Quem faz a ERJ COMUNICAÇÔES

 

Edson Rontani JúniorDiretor e jornalista responsável

 

Jornalista, radialista, repórter fotográfico profissional, crítico de arte (especialização em cinema) – Leia mais logo abaixo



 

Edson Rontani Júnior por ele mesmo

 

Não sei ao certo quando foi meu primeiro contato com o jornalismo. Sei que o interesse pela área veio através da inspiração de meu pai que, de 1948 a 1997, colaborou com os principais jornais e emissoras de rádio de Piracicaba como “A Folha de Piracicaba”, “O Jornal de Piracicaba”, “O Diário”, “O Democrata” e a famosa PRD-6 (Rádio Difusora de Piracicaba).

 

A história lega a Edson Rontani a criação no Brasil – leia “O Que é Fanzine” de Editora Brasiliense, 1988 – do fanzine, hoje um meio impresso muito difundido para divulgar assuntos de interesse de determinadas faixas sociais mas que, quando lançado em 1965, era uma alternativa dos pequenos diante dos grandes meios de comunicação dominados por poderosíssimos jornais. Na época, não havia a fotocopiadora popularmente difundida pela Xerox. Desenhos e fotos nos jornais do interior eram feitos através dos clichês – enormes carimbos matrizes substituídos depois pelas impressoras off-sets.

 

A iniciativa do velho Rontani era criar um veículo de comunicação para os aficionados ao desenhos e às histórias em quadrinhos, reproduzindo o que ele fazia manualmente com lápis preto e um caderno de escola aos oito anos de vida. Foi quando ele criou o “Ficção” o primeiro fanzine brasileiro rodado em um mimeógrafo a tinta e mantido até o início dos anos 70 com impressão em mimeógrafo a álcool.

 

Foi impulsionado por este ponto de norteio e foi com este mimeógrafo que fiz aos sete anos, em 1974, meu primeiro jornal. Tenho um exemplar dele ainda hoje, mas nem me lembro ao certo seu nome. Era um jornal de desenhos – ou esboços de um desenho, coisa típica de uma criança com esta idade – distribuído aos familiares. Algumas reproduções você pode ver acessando os links abaixo.

 

Em 1979, com 12 anos, começo a trabalhar profissionalmente num jornal – O Jornal do Povo, de propriedade do então prefeito de Piracicaba e hoje deputado federal João Herrmann Neto -, coordenando a página infantil tristemente denominada O Jornal do Povo Jr. Fui convidado pelo jornalista Paulo Sérgio Markum – hoje na tv – para coordenar a página junto aos primos Lorivaldo Bassete, José Fernando Bassete e Mauro Rontani. Dividia a redação com grandes amizades como Emílio Moretti, Walter Puga Jr. e outros. Tomei aí contato com o mundo do jornalismo pela primeira vez.

 

O Jornal do Povo naufragou logo em seguida por motivos políticos – ainda estávamos na época dos Generais. Em paralelo fiz diversos jornais impressos ora em mimeógrafo a álcool, ora em xerox. Vendia as edições para parentes e amigos e quando conseguia uma boa vendagem os xerocopiava na sede da Guarda Mirim situada na rua Boa Morte, quase esquina com a rua D. Pedro II. A dedicação era tanta que eu mesmo fazia as edições numa máquina de escrever e as entregava em minha estimada Caloi 10 azul que me fora ofertada por um tio – Pasqual D’Abronzo Neto – destinando a endereços de pessoas que depois tornaram-se grandes amigos como Antonio Carlos de Mendes Thame (atual deputado federal), Francisco Rodella e José Antonio de Moura (atual presidente da APCD-Piracicaba e meu dentista na época).

 

 

Em 1984, ingressei na Rádio Difusora F.M. na qual trabalhei até janeiro de 1989 na condição de sonoplasta, numa época em que disc-jokey existia apenas nos Estados Unidos. A foto acima, sou eu pilotando a Rádio Difusora FM (hoje 102 FM) no final dos anos 80. Em 1989, fui auxiliar a redação do jornalismo da Rádio Difusora A.M. trabalhando ao lado de meu inspirador Edirley Rodrigues e de meu mestre em radiofonia Roberto Turchi de Moraes (ex-vereador e hoje deputado estadual), além de pessoas como Waldemar Billia, Luiz Hercoton, Lair Braga, Cunha Netto e outros.

 

Neste meio tempo, prestei vestibular e fui conhecer toda a teoria do que na prática eu já conhecia há pelo menos 10 anos. De 1987 a 1990 frequentei as carteiras da Universidade Metodista de Piracicaba na qual fiz muitas amizades. Em paralelo, passei a escrever sobre filmes para revistas e jornais, em especial para O Diário de Piracicaba (veja nos links abaixo) na época em que era coordenador por Alfredo Barbara Neto e depois pelo Cecílio Elias Netto.

 

Com muita vontade e dedicação, coordenei o Departamento de Jornalismo do Sistema Jornal de Rádio e TV em Piracicaba, através da Rádio Alvorada A.M. de 1991 a 1998. Foi neste período que formei a maioria das amizades que mantenho atualmente.

 

Neste interim, continuo escrevendo as páginas de minha vida, batalhando com a ERJ COMUNICAÇÕES e sempre preocupado em preservar um jornalismo livre e que defenda a verdade.

 

LINKS para você você conhecer o início do criador da ERJ COMUNICAÇÕES

 

* Veja um um primeiros jornais impressos em mimeógrafo

 

* O tempo avança. O jornal começa a sair em xerox

 

* Até Snoopy era tema de matéria no jornal

 

* Página de humor do Jornal Piracicabano

 

* Coluna de cinema publicada em “O Diário” anos 80

 

* Em “O Diário” havia premiação sobre cinema no final dos anos 80

 

 

 

 

 


 

Confira aqui algumas matérias escritas por Edson Rontani Jr.

 

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O que é

O que é a ERJ COMUNICAÇÕES ?


A ERJ Comunicações é uma empresa sediada na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo (a 240 km da capital), fundada no início dos anos 90, lançando-se como alternativa para a comunicação empresarial diante de um determinado público empresarial.


Liderada pelo jornalista Edson Rontani Jr., é uma empresa que trabalha especificamente com jornais empresariais voltados para empresas e entidades que têm interesse de comunicar-se com determinado público.


A principal atenção dada atualmente é ao segmento odontológico, tanto que a ERJ Comunicações assessora empresas como a Uniodonto de Piracicaba, Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas de Piracicaba, Uniodonto do ABC, Associação de Ex-Alunos em Endodontia da Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Sociedade Brasileira de Periodontia e Uniodonto de São Paulo.


Com soluções práticas e objetivas, seus produtos têm alta aceitação tanto das empresas contratantes quando de seus leitores.


A ERJ Comunicações também assessora cirurgiões-dentistas e outras empresas, produzindo todo tipo de material impresso além de realizar a manutenção de sites na internet.


 


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Hiroshi

 


Acesso 67

O dia em que a terra parou



* Edson Rontani Júnior


Existe uma história, a qual não é desmentida por ninguém, de que a nossa “terrinha” parou por um dia. Outros dizem que isso é mentira. Pois era parou por vários dias … Este fato completa na próxima semana seus 40 anos. Foi quando os piracicabanos aguardavam a decisão do Torneio do Acesso ao Futebol Profissional de 1967. A cidade acompanhou na expectativa as três partidas do triangular decisório. Parou também para comemorar a vitória do E. C. XV de Novembro e para receber como heróis os jogadores do alvinegro local. Toda essa festividade ocorreu em janeiro, encerrando assim as comemorações do bicentenário de fundação do município.
Foi exatamente na noite de 17 de janeiro de 1968 que o XV venceu o Bragantino, em pleno Pacaembu, na capital paulista, sagrando-se Campeão do Acesso (atual Série A-2), retornando, assim, à elite do futebol paulista onde ficou de 1948 a 1965.
Testemunhos da época relatam que, no início de 1968, a cidade torceu para o alvinegro como se fosse a Seleção Brasileira de Futebol disputando uma final do mundial. Até o carnaval, que ocorreria duas semanas depois, começou cedo. As festividades prosseguiram por semanas pois foi um orgulho o retorno do time às partidas junto aos grandes, como São Paulo, Palmeiras, Santos, Corinthians e outros, sem levar em conta a projeção que a cidade conseguiu em todo o país. A cidade estava em efusão constante devido à ousadia do prefeito Luciano Guidotti que instalava obras grandiosas para tudo que era canto. Foi o ano de crescimento da cidade, condecorada como a cidade de maior desenvolvimento do país.
Especialistas acreditam que a euforia de janeiro de 1968 só foi sentida em 1947 quando o time subiu para a divisão principal decretando ser equipe profissional, e, em 1976, quando foi o segundo colocado no Campeonato Paulista.



Segundo Rubens Braga, 78, ex-dirigente do basquete e do futebol do XV, a conquista de 1967 serviu para ratificar o esporte como profissão na cidade. “Os anos 60 serviram para as grandes contratações do alvinegro e, com este retorno à Divisão Especial, houve a necessidade de contratar jogadores de grandes times”, diz. A equipe contratada pelo presidente Humberto D’Abronzo, industrial proprietário da Caninha Tatuzinho, é considerada como uma das melhores em toda sua história. Braga é mais enfático e diz que as comemorações pelo título não duraram apenas algumas semanas. “A comemoração foi o ano todo, pois até dezembro, quando se decidiria o próximo campeão, o título era de Piracicaba”.
Era uma época diferente, período em que o futebol era transmitido apenas pelas emissoras de rádio, gerava rodinhas nos bares, era motivo de festa até para a alta sociedade e celebrado até por aqueles que não possuíam qualquer simpatia pela bola.
Comércio, indústria, escolas … Tudo parou nos dias 11 e 17 de janeiro, quando o alvinegro foi a São Paulo jogar, respectivamente contra o Paulista F.C., de Jundiaí, e o C. A. Bragantino, de Bragança Paulista. A cidade acompanhava as partidas pelas emissoras de rádio, sendo que três delas transmitiam pela freqüência A.M.
Nestas duas disputas, os jogadores viajaram em ônibus da Prefeitura Municipal cedido pelo prefeito Luciano Guidotti (que faleceria no dia 7 de julho do mesmo ano), um amante do esporte e assíduo incentivador do time. Guidotti tinha paixão imensurável pelo time, utilizando seus jogadores como garotos-propaganda para propagar a imagem da cidade. Ele chegou a presidir o XV por vários anos.
Em ambas as partidas, o Executivo Municipal pediu atenção especial à segurança no Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho (o Pacaembu), sendo que foram disponibilizados cerca de 200 soldados da Força Pública e Guardas Rodoviários.
No dia 11 de janeiro de 1967, o alvinegro partiu a tarde para São Paulo. Venceu o Paulista por 2 a 0 (Piau aos 19’ do primeiro tempo e Amauri aos 45’ do segundo), garantindo vaga para a final que ocorreria seis dias depois. No dia 14, o Bragantino vence o Paulista por 1 a 0 definindo sua vaga na final diante do XV.
A partir de então, a euforia tomou conta de Piracicaba. A vitória era previamente comemorada pois o time havia feito uma excelente campanha no Paulista de 1967. Para chegar à fase decisiva, o alvinegro esteve junto a outros 29 times divididos em duas séries. Na primeira fase foi campeão do grupo B, tendo como vice o Paulista. A campanha foi positiva pois foram 30 jogos, sendo 22 vitórias, seis empates e duas derrotas. Foram feitos 68 gols e a defesa deixou passar 15 gols dos adversários.
Contavam-se os minutos para a disputa final. Os comandados do técnico Renganeschi eram a esperança da terra. Motivaram, inclusive, os vereadores a realizar uma sessão extraordinária, no dia 12, para votar a cessão de NCR$ 150 mil ao E.C. XV de Novembro, valor que seria utilizado para premiar os jogadores caso ocorresse a vitória. Foi aprovado por unanimidade pelos 15 presentes do legislativo municipal que participaram da sessão. Um dia antes, o time participa de uma missa de ação de graças celebrada pelo então padre Jorge Simão Miguel na Matriz Imaculada Conceição.




Às 15 horas de 17 de janeiro, data da partida decisiva, o alvinegro ruma ao Pacaembu novamente em ônibus cedido pela prefeitura. A partida ocorreu à noite permeada por pancadas de chuva que castigaram a torcida.
O Jornal de Piracicaba em sua edição desta data relata que uma “caravana monstro” foi organizada para levar a torcida alvinegra para São Paulo. Desde o dia anterior já não era possível encontrar um ônibus disponível para ser fretado. Muitos foram de carro, trem ou táxi. Segundo Waldemar Romano, cirurgião-dentista e vereador na época, a Câmara Municipal fretou três carros para levar vereadores na disputa. “O Legislativo se via na obrigação de acompanhar os passos do time, e como não tinha veículos, contratou-se motoristas para levar alguns vereadores”, diz. Ele comenta que isso não pode ser considerado regalia, pois na época a função de vereador nem era remunerada.
Há notícias de que torcidas de cidades vizinhas também incentivaram o time piracicabano, destacando-se as cidades de Santa Bárbara D’Oeste, Americana, Rio Claro, Limeira e Rio das Pedras. O fato congestionou ruas e avenidas da capital, provocando a falta de vagas no estacionamento para os ônibus nas proximidades do estádio. Interessante é que muitos dos ônibus chegaram ao mesmo tempo, como que por acaso. A bola começou a rolar em campo, e a torcida ainda estava na fila no portão do Pacaembu. Alguns sequer viram o primeiro gol alvinegro marcado aos dois minutos iniciais. Foi motivo para que, os que estavam fora, iniciassem uma correria para o interior do estádio, pulando catracas a fim de não perder nenhum minuto da disputa. O fato não atrapalhou o juiz Armando Marques e seus assistentes Wilson Medeiros e Eraldo Gongora.
A partida foi acirrada definindo-se no primeiro tempo quando o alvinegro marcou os seus quatro gols feitos por Amauri (aos 2’), Joaquinzinho (13’), Piau (25’) e Amauri (38’). Luizão fez o primeiro para o adversário ainda no primeiro tempo. O Bragantino marcou mais dois no segundo tempo, provocando pavor na torcida. Resultado : XV de Piracicaba 4 Bragantino 3. Piracicaba desabou de alegria. Foi a glória para o município. Praticamente ninguém dormiu naquela noite. Muito menos na noite seguinte, quando a equipe retornaria a cidade.
Após a partida, mesmo molhada, a torcida caiu na folia em pleno Pacaembu, com música a noite toda. Nos vestiários, jogadores tomavam banho com champanhe. Piracicaba era uma alegria só. As manifestações se concentraram na Praça José Bonifácio que era toda aberta, com travessias por todas as suas laterais.
Autoridades estudavam a recepção dos atletas-heróis para o dia 19 no período noturno. O trajeto da equipe, diretores e comissão técnica foi traçado. Todos circulariam em carro do Corpo de Bombeiros concentrando-se na avenida Independência próximo à atual sede do DER, percorrendo a avenida Armando de Salles Oliveira, a avenida Rui Barbosa, avenida Barão de Serra Negra, rua do Rosário, avenida Doutor Paulo de Moraes, rua Governador Pedro de Toledo, rua São José, finalizando em frente à catedral de Santo Antônio. No local foi montado um palanque no qual o elenco quinzista seria recebido pelas autoridades.
A cidade não funcionou normalmente no dia 19 de janeiro. Por volta das 15 horas, a praça José Bonifácio começa a receber os torcedores. A cidade vivia um clima de feriado e carnaval nesta data. Consta que a TV Tupi acompanhou a viagem do alvinegro de São Paulo a Piracicaba filmando manifestações de cidades vizinhas que esperaram à beira das rodovias para acenar aos campeões. A própria emissora, mais a TV Bandeirantes, cobriram as festividades levando o nome do alvinegro para todo o país.
A população comemorava com flâmulas, faixas, serpentina, confete, rojões … Era o carnaval – que cairia naquele ano em 5 de fevereiro – sendo antecipado. A Banda União Operária abriu as festividades tocando no palanque pontualmente às 18 horas. A comitiva chega por volta das 21 horas e inicia o trajeto programado. Às 22h10m começa chover motivando encurtar o percurso. Decide-se que a equipe não daria a volta por toda a Praça José Bonifácio entre a população.
Todos os campeões saem do ônibus e sobem o palanque. Gritaria incontrolável. Rojões. Dos prédios vizinhos, moradores soltam água através de bisnagas e com serpentinas criam um clima festivo. O chafariz da praça é invadido por pessoas que festejam de forma saudável, não chegando a ser reprimida pela força policial. É estendida nela uma faixa com mais de 24 metros quadrados com a inscrição “XV”. No palanque, prefeito Luciano Guidotti saúda os jogadores alvinegros, seguido pelo presidente do time comendador Humberto D’Abronzo, Lodovico Trevizan (Corregedoria) e Francisco Antonio Coelho (Presidente da Câmara Municipal). Outros pronunciaram-se até que os populares decidem subir no palanque criando um clima desconcertante para a equipe que é agarrada pelos mais afoitos, deixando alguns jogadores apenas de calça, levando suas camisetas, meias e calçados como souvenirs. Relatos da época dizem que cerca de mil pessoas sobem desordenadamente ao palanque, ocasionando sua queda e fazendo vários feridos. Como a aglomeração era intensa, a força policial encontrou resistência para prestar auxílio aos machucados. Mas, imperou o bom-senso e as festividades seguiram por toda a madrugada sem qualquer outra ocorrência. O incidente adiou a entrega de medalhas, desenhadas por Archimedes Dutra, que seria feita pelo prefeito Luciano Guidotti.




Outras manifestações foram realizadas nas semanas seguintes. Foram feitas homenagens nos clubes recreativos locais com membros da diretoria e jogadores recepcionados junto ao Rei Momo oficial vivido pelo radialista Antonio José. Santa Bárbara D’Oeste, Saltinho e o Rotary Club, dentre outros municípios e entidades, realizaram sessões para recepcionar o time.
O XV realizou um amistoso comemorativo à vitória no Torneio do Acesso contra a Seleção da Romênia em pleno Estádio Barão da Serra Negra (inaugurado dois anos antes), no dia 23 de janeiro. A comemoração era tão importante que o governador do estado, Abreu Sodré, marcou presença na partida fazendo questão de participar da solenidade. Por ironia, levou uma goleada : 6 a 2. Na ocasião seriam entregues as faixas aos campões do acesso. Aos 25 minutos, o juiz paralisou a partida. Um pára-quedista de Rio Claro saltou no meio do Barão trazendo uma bandeira do XV. O estádio ovacionou a iniciativa.
Na primeira partida de seu retorno à Divisão Especial, o XV empatou com o Comercial em 2 a 2, no dia 28 de janeiro de 1968.
Adilson Benedito Maluf, atual presidente do E. C. XV de Novembro de Piracicaba, lembra com orgulho desta temporada. Recorda-se que em 1967 era estudante de engenharia civil na Unitau de Taubaté. Em todas as partidas viajava, para onde quer que o XV fosse, na finalidade de acompanhar o time de sua terra Natal. “Na partida decisiva de 17 de janeiro de 1967, estava em férias em Santos e fui ao Pacaembu, assim como milhares de outros piracicabanos acompanhar com fervor a partida”, diz. Os tempos são outros ? Maluf acredita que Piracicaba, na época, por ser uma cidade menor, tinha mais torcedores nascidos aqui, que “vestiam” a camisa do alvinegro. “Hoje, Piracicaba cresceu e tem muitos habitantes que vieram de outras cidades, trazendo em seu coração o time de sua cidade natal”. Mas, de uma coisa, diz Maluf, Piracicaba pode ter certeza : o tempo de ver o XV campeão voltará este ano pois sua diretoria tem feito de tudo para que ele suba para a A-2 e ano que vem retorne à A-1, disse enfaticamente. “Há uma luz no fim do túnel, e esse túnel é extenso, mas com a boa administração que temos, tudo fluirá de forma natural”, arremata.
No livro “A História Ilustrada do Futebol Brasileiro” (Edobrás, 1968), escrito por Roberto Porto e João Máximo, diz que os pequenos times escrevem sua história com espírito de sacrifício que o futebol exige de quem o pratica. Isso faz com que muitos times pequenos desapareçam e os times grandes, com bases sólidas e constantes investimentos acabem se perpetuando. “Na comemoração de uma vitória, na alegria do povo nas ruas, no carnaval improvisado pela conquista de um ansiado título, no cerco ao juiz que se equivocou, na luta pela bola, está o esforço heróico, dramático e até trágico dos pequenos clubes”, fala um trecho. Outro diz que “partidas ou títulos conquistados no interior paulista, onde o campeonato de acesso – esperança de equipes modestas no sentido de subirem à divisão principal – mobiliza uma população inteira”. Foi o que ocorreu em Piracicaba.


CLIQUE AQUI E VEJA A GALERIA DE FOTOS DAS COMEMORAÇÕES EM JANEIRO DE 1968


 

Tatuzinho links

Links relacionados à Caninha Tatuzinho


 


Site alemão de venda de bebidas



Site da empresa 3 Fazendas Indústrias Reunidas de Bebidas produtora atual da Caninha Tatuzinho



Site americano da Mattoni Grand Drink que traz algumas páginas sobre a cachaça


 


Quer comprar um litro da Tatuzinho a cerca de 40 reais ? Clique neste site !


 


Domínio norte americano da Caninha Tatuzinho


 


Tatuzinho na venda pelo site The Fine Spirits Corner


 


Site da Tchescolováquia que mostra rótulos da Tatuzinho


 


Tatuzinho é a melhor cachaça segundo avaliação da Associação Pró-Teste do Consumidor


 


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Caninha Tatuzinho

 


O marketing perpetuado por um tatuzinho




* por Edson Rontani Júnior, jornalista


   Dados divulgados em setembro pelo Instituto Brasileiro da Cachaça apresentam um fato curioso. A Caninha Tatuzinho é uma das quatro marcas mais consumidas no mercado brasileiro de cachaça. Ela detém 7,2% do mercado, segundo estimativas para 2006 apontadas pelo Instituto, embora o consumo interno venha diminuindo num ritmo de 2 a 3% ao ano e a exportação tenha se estagnado nos últimos cinco anos.

   Um fator interessante a se ponderar é que a Caninha Tatuzinho, produzida em Piracicaba entre os anos 40 e a década de 70, cultiva ainda uma extensa lembrança na mente do consumidor, principalmente pela maciça divulgação feita nos anos 60.

   Quem não se lembra do bordão “O melhor aperitivo nacional” ou do jingle veiculado nas rádios e tvs que cantava “Ai tatu, Tatuzinho, me abre a garrafa e me dá um pouquinho”? Recentemente, um documentário veiculado pela TV Cultura apontou este comercial como um dos cem mais lembrados pelo consumidor. Até a Rede Globo, quando exibiu especiais sobre os seus 30 anos, incluiu o comercial num desses programas. É possível encontrar referências deste período no Orkut (www.orkut.com) e no Youtube (www.youtube.com)

   Anna D´Abronzo, 82, diretora-secretária por quase 30 anos da D´Abronzo Sociedade Anônima, que engarrafava a Caninha Tatuzinho, lembra que, desde a venda em 1969 da marca para o Grupo Três Fazendas (hoje Indústrias Reunidas de Bebidas Tatuzinho 3 Fazendas, com sede em Rio claro), tornou-se clara que a propaganda em cima da bebida diminuiu. “O que temos retido é uma mensagem propagada ao longo dos anos 50 e 60, quando foram feitas divulgações nas principais emissoras de rádio e tv de São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná e que se perpetuaram na cabeça de muitos”, relata. Ainda hoje é comum ligar Piracicaba à marca Tatuzinho, embora a fábrica situada na Unileste tenha sido desativada.

    Publicitários conhecem este fenômeno e dizem que, quanto maior a massificação na divulgação de uma marca, maior será sua lembrança no consumidor. Daí surgiram as corriqueiras pesquisas top of mind, lembrando a marca que primeiro vem à cabeça do comprador. Quem não se lembra da cerveja número um ou da cerveja dos amigos ? São peças com no mínimo dez anos desde seu lançamento e que ainda hoje merecem um espaço em nossa lembrança.

   O publicitário Osvaldo Luis Baptista, 42, professor da Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP) e tecnólogo do marketing no varejo, lembra que “a propaganda age como um tempero na mente do consumidor, pois a  memória tem lembrança de coisas que fazem da nossa vida um momento inesquecível”. Ele até se recorda de publicidades da Caninha Tatuzinho vistas e ouvidas quando era criança e, portanto, quando não tinha idade apropriada para ser um consumidor da bebida. “A explicação mais plausível é a freqüência e impacto da mensagem e envolvendo a mídia de massa, pontos de venda, que, nesse caso, seriam os bares, empórios, armazéns, enfim, todo varejo de bebidas”.



   A D´Abronzo Sociedade Anônima, que fabricou a Caninha Tatuzinho de meados dos anos 1940 a 1969, foi fundada em 1909. Quando vendida 1969, os novos proprietários decidiram dar continuidade à um mercado já conquistado, sendo que por anos a Tatuzinho foi a mais consumida no território nacional. Hoje, o produto, apesar de dificilmente ser encontrado nos super e hiper mercados locais, ainda tem a apresentação pela qual se notabilizou. “O Grupo 3 Fazendas manteve o mesmo rótulo (criado por Felício Rotundo, dono de uma gráfica em São Paulo que fazia embalagens para a Kibon), o mesmo nome e a mesma composição alcoólica da caninha Tatuzinho fabricada nos anos 50 e 60 demonstrando ser ainda um produto que provoca a venda”, diz Pasqual D´Abronzo Neto, 55, filho do diretor comercial da Tatuzinho, Humberto D´Abronzo, já falecido.

   Comerciais nas emissoras de rádio eram comuns. Como na época a tv ainda estava em desenvolvimento, o grande entretenimento das massas era o rádio. Os principais programas de auditório tinham o patrocínio da Tatuzinho. Isso na capital paulista, no Rio de Janeiro e no Paraná. O jingle “Me abre a garrafa” foi veiculado nas rádios e nas tvs por mais de cinco anos. Caiu no gosto público, assim como o aperitivo.




   Nas principais rádios do interior paulista, a Tatuzinho patrocinava os programas de auditório, as transmissões esportivas e os programas de futebol. A TV Record e a TV Tupi foram as principais propagadoras da marca Tatuzinho em todo o país. Conseguiu-se, também, após muita negociação, que o jornal “Gazeta Esportiva” aceitasse colocar abaixo de seu cabeçalho na primeira página o slogan “Tatuzinho – O Melhor Aperitivo Nacional”, algo inconcebível para a liberdade de imprensa.





    História – A idéia de criar em Piracicaba uma fábrica de bebidas partiu de Paschoal D´Abronzo, imigrante italiano vindo ao Brasil em 1896. Fixou residência em Piracicaba onde criou seus cinco filhos (Maria, Humberto, Luzia, Anna e Suzana – as três últimas, ainda vivas). Em 1909, instala uma fábrica na Travessa Mania Maniero, Vila Rezende, e passa a produzir refrigerantes (“Jatubaína”, “Gengi-Birra”, “Gasosa”, “Maçã” e “Moranguinho”), xaropes (groselha, capilé, tamarindo, abacaxi, limão) e vinagre.

   No final dos anos 30, Paschoal começou a engarrafar a pinga adquirida de um distribuidor, Antonio Basaglia. Ele vendia o aguardente em barris de 100 ou 200 litros. Porém, era um volume muito grande para o consumidor final. Seu filho, Humberto, teve a idéia de comprar os barris e envazar garrafas de 750 ml. (medida ainda utilizada pela maioria das garrafas de vinho). O mercado crescia e a passaram a ser comprados tonéis de 5 mil e 10 mil litros. Foi uma revolução na época. Hoje o ocorre o inverso, pois o Instituto Brasileiro da Cachaça aponta que a venda a granel da cachaça tem aumentando e a venda do produto engarrafado vem diminuindo. A criação de alambiques caseiros tem sido o principal concorrente da industrialização.



   Anna D´Abronzo diz que “produzir e engarrafar refrigerante nos anos 40 era enfrentar concorrência com outras marcas que se proliferaravam e a aguardente ainda era um mercado não explorado”. A cerveja ainda era um investimento alto e concentrado nas mãos de empresas de grande porte como a Brahma e a Antarctica. A gigante americana Coca-Cola começa a realizar violentas investidas no mercado brasileiro.

   “A decisão foi motivo de controversas na família – diz Pasqual D´Abronzo Neto – pois ela foi tomada por Humberto D´Abronzo durante viagem de seu pai, Paschoal”. Ele partiu de Piracicaba para Congonhas do Campo, Minas Gerais, a fim de se encontrar com parentes, numa época em que uma viagem dessas demorava uma semana e a visita se estendia por semanas. Naquela vez, ela durou três meses. Quando retornou, Paschoal viu Humberto transformar a fábrica de refrigerante em indústria de engarrafamento de caninha. Foi uma atitude de risco, mas que o tempo consolidou como lucrativo. A D´Abronzo cessa a fabricação de xaropes e refrigerantes em 1953 e um ano depois passa exclusivamente a engarrafar caninha.

   A Tatuzinho se expande comprado terrenos na travessa Maria Elisa e na avenida Rui Barbosa, em prédios ainda hoje existentes e utilizados pelo comércio da Vila Rezende.




   O processo unia o industrial e o manufaturado. Anna D´Abronzo recorda que após ser mecanicamente engarrafada e sua tampinha lacrada, funcionários da linha de produção colocavam uma fita de papel no gargalo que era o selo do governo para produtos industrializados e na seqüência embalada em papel de seda e colocada em caixas. As caixas eram uma história a parte. Anna diz que “eram caixas de madeira, pesadas e que comportavam 24 unidades de garrafa”. Ela considera as atuais caixas de plástico um invento engenhoso. “As caixas de madeira não se estabilizavam uma em cima da outra, tinham seu fundo arrebentado facilmente fazendo com que as garrafas caíssem e quebrassem”. A Tatuzinho tinha um marceneiro que ficava a disposição 24 horas da empresa para remendos nestas caixas, pois, se faltasse a caixa, o produto não poderia seguir para a venda. Possuía uma frota de 70 caminhões que a cada viagem transportavam 6 mil garrafas cada um.

   Máquinas do leste europeu e da Argentina foram adquiridas possibilitando o envazamento de até 45 mil garrafas por hora, capacidade na época alcançada apenas pela Brahma e Antarctica no segmento cervejeiro. No transporte de uma das máquinas, que pesava 62 toneladas, de Santos para Piracicaba, houve a necessidade de interromper o trânsito na Via Anchieta. A máquina ocupava a pista toda. A D´Abronzo instala 12 tonéis de 800 mil litros cada um em sua chácara situada no bairro Itaperú para atender a demanda nacional. 

   Criador – Humberto D´Abronzo é o exemplo de imigrante que soube aproveitar a vida. Era o tipo de pessoa que tinha por hobby o trabalho. Acumulava diversas funções (foi diretor do basquete masculino local, presidente do XV e lançou-se na política). Era um empreendedor nato. Tinha a filosofia de que só se ganhava dinheiro quando se gastava dinheiro. Era formado como contador, mas tinha uma visão mais ampla do mercado. Foi o responsável pela área comercial da Indústria de Bebidas Tatuzinho. “Como fabricante, não gostava da caninha pura, mas tinha uma queda pelo vinho nos almoços de família e, nas festas caseiras, exigia sempre batida de caninha com maracujá”, lembra seu filho Pasqual D´Abronzo. Como bom italiano, se aliou a um processo administrativo familiar condenado hoje pelos MBAs e administradores de sucesso. A diretoria da empresa era composta por familiares. Seus cunhados – Antonio Martinelli, Sisto Cório e Jorge César de Vargas – comandavam as negociações com o varejo, vendiam o produto e levavam o nome da “Noiva da Colina” para muitas cidades, principalmente do sul e sudeste brasileiros. Rio de Janeiro, São Paulo, Santos e norte do Paraná eram os principais centros consumidores da Caninha.



Humberto D´Abronzo mostra ao jornalista Rocha Netto o novo rótulo implantado nos anos 60 nas garrafas da caninha



   O publicitário Osvaldo Baptista crê que a fabricação, divulgação e logística utilizadas na época foram exemplares. “Um produto líder no seu segmento, paralelo à uma boa campanha de divulgação, dá a sensação da Tatuzinho ser, na época, uma das poucas empresas que investiam em marketing, não comparando como a atualidade na qual temos uma infinidade de marcas disputando mercados”, diz.

   O próprio nome “Caninha Tatuzinho” tem sua história. Caninha pois era feita com uma cana especial, mais fina. Pinga e cachaça sempre foram nomes pejorativos. Quem gosta de ser chamado de “pinguço” ou “cachaceiro”? Caninha dava um tom de aperitivo, base para coquetéis e batidas. Dizem que Tatuzinho veio em decorrência, sem comprovação histórica, de um indivíduo que, quando bebia, deitava e rastejava no chão como um tatu.

   Dizem que muitos bebem para esquecer. Quem bebeu Tatuzinho, nunca se esqueceu. Sua memória é viva ainda hoje.


   Cachaça era moeda de troca por escravos
   O historiador Luis Felipe de Alencastro diz que a cachaça era a moeda mais valorizada na época do Brasil colônia para o escravagismo. Em “O Trato das Viventes – Formação do Brasil no Atlântico Sul – Séculos XVI e XVIII” ele afirma que os portugueses proibiram a comercialização do produto para garantir ao mercado europeu o consumo da bagaceira e do vinho. A cachaça virou, então, uma moeda no mercado paralelo para a compra de escravos negros para o Brasil. Angola e Luanda foram os países que mais comercializavam a mão de obra escrava pela bebida. Um em quatro negros trazidos destes locais eram trocados pela cachaça.


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